ReBlog

Pages

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Vou cortar meus pulsos =/ - “Não vamos entrar em onda de eletrônico, emo, o que for”, diz Dinho Ouro Preto sobre novo disco do Capital Inicial


O Capital Inicial nasceu outra vez. Melhor: renasceu , e pela segunda vez. “Das Kapital”, 12º disco de estúdio da banda formada em Brasília em 1982, correu o risco de não sair quando Dinho Ouro Preto despencou do palco durante um show em Patos de Minas (MG) no dia 31 de outubro de 2009. Um mês depois do acidente, porém, o vocalista estava de volta à ativa como se nada tivesse acontecido.

“Assim que recobrei a conciência, ainda no hospital, peguei um violão. Fiquei assustadíssimo porque não conseguia tocar e muito menos cantar”, lembra Dinho. O Capital Inicial vinha de três meses de ensaios para finalmente iniciar as gravações de “Das Kapital”; “ainda no hospital disse para o pessoal [o baterista Fernando Lemos, o baixista Flávio Lemos e o guitarrista Yves Passarel] dar continuidade ao trabalho. Nosso tecladista fez as vozes guia. Só restaria a minha parte. Se fossemos esperar todo o processo, o disco sairia só no final do ano”.

Contudo, foi só quando Dinho colocou os pés no estúdio que percebeu que ainda havia algo fora do eixo. “Minha voz não saia, estava desafinado pra car****. Corri para o otorrinolaringologista e ele me disse que minhas cordas vocais estavam perfeitas. Era um problema muscular. Atrofia, da mesma maneira quando você tem de engessar o braço ou a perna”, explica o vocalista. Acompanhado por uma fonoaudióloga, então, Dinho cumpriu com o que lhe cabia: colocar as vozes nas 11 faixas do disco. “Normalmente faço isso em dois dias. Dessa vez demorei 11, um dia para cada música”.

A fono fez com que Dinho realizasse principalmente exercícios de aquecimento de voz, quais fazem cantores líricos. “Eu fiz. Mas parei assim que voltei ao normal [risos]. Rock não combina com voz empostada. Estou cantando como sempre cantei; a mudança real aconteceu há 10 anos atrás, quando gravamos o “Acústico MTV” – só então percebi que cantava acima do meu tom”, diz o vocalista.

O resultado é o já citado “Das Kapital”, que vem para reafirmar a identidade e sonoridade conquistada pela banda ao longo de quase três décadas na estarada. “Quem ouve nossas músicas, mesmo as versões que fazemos, logo reconhece o Capital Inicial. Sempre soamos como a mesma banda, e isso é bom”, comenta Flávio Lemos. “Não somos oportunistas. Não vamos entrar em onda de eletrônico, emo, o que for. Mantemos a simplicidade do rock. Qualquer moleque que pegar um violão pode tocar nossas músicas. É um lance bem singular”, complementa Dinho.

E uma mudança significativa acompanha “Das Kapital”. Marcelo Sussekind, que trabalhava com a banda desde o início da carreira, deu lugar ao produtor francês (mas radicado no Rio de Janeiro) David Corcos. “Quando conhecemos o David ele nos disse que iria fazer o melhor disco do Capital Inicial. Em termos de sonoridade, ele conseguiu”, elogia Flávio, que atenta para o fato de que em vez de gravarem os instrumendos direto na mesa de som, David propôs que microfonassem os amplificadores no estúdio.

Após vencer dias e mais dias “dopado” pelo efeito de analgésicos, a alergia a morfina (usada para aliviar a dor) e máquinas de ressonância magnética, Dinho Ouro Preto volta aos palcos com o Capital Inicial para dar início à turnê de divulgação de “Das Kapital”. O primeio show acontece neste sábado (12), no Credicard Hall, em São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário