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sábado, 26 de junho de 2010

Cartolas: a Copa é ‘perfeita’. Mas a bola…


Na tarde de sexta-feira, cerca de duas horas antes do jogo entre Brasil e Portugal em Durban, a Golden Mile, o calçadão que fica diante da praia de Suncoast, estava absolutamente apinhado de torcedores vindos de dezenas de países. O local estava quase intransitável, mas não havia nenhum sinal de preocupação com segurança ou falta de estrutura. No meio dessa alegre confusão de turistas e sul-africanos, um grupo de guarda-costas escoltava o presidente do Comitê Organizador da Copa, Danny Jordaan, por uma entrada lateral do hotel Suncoast, de frente para o Oceano Índico. A reportagem de VEJA deu de cara com o cartola, mas Jordaan não quis falar – ele queria passar rapidamente em seu quarto antes de seguir para o jogo. Mas a festa de Durban certamente deixou Jordaan nas nuvens. Tanto que, neste sábado, durante uma entrevista coletiva concedida em Johannesburgo, o cartola, falando em tom de extremo otimismo, se gabava do trabalho dos sul-africanos na primeira metade do evento.

“O torneio já está 50% transcorrido, mas atingimos 100% dos objetivos, confirmando que o país era mesmo capaz de realizar este evento”, disse Jordaan. O dirigente comemorou o impacto da Copa para os sul-africanos e para os turistas. “Vem sendo uma jornada de descoberta e autodescoberta não só para os visitantes como também para as pessoas daqui. Muitos sul-africanos conheceram um novo país.” Não era só Jordaan que estava satisfeito. O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, disse que a África do Sul, que até o ano passado tinha questionada sua capacidade de aprontar tudo a tempo, está fazendo um trabalho exemplar. “Se no dia 11 de julho, na final, o nível for o mesmo de hoje, direi que terá sido uma Copa perfeita”, afirmou o suíço. “O país está acima de todas as expectativas. Crescemos em número de turistas e ingressos vendidos na comparação com a Alemanha-2006. Não há uma só parte desta Copa em que não superamos os Mundiais passados”, exagerou.

No fim, Valcke fez referência aos boatos de que a Fifa já preparava um plano B – Austrália ou Inglaterra – caso os sul-africanos não tivessem ajeitado tudo dentro dos prazos. “Agora, é a África do Sul que será o plano B para os próximos Mundiais”. O sucesso de público é fato: 2.284.796 pessoas assistiram aos 48 jogos da primeira fase nos estádios, uma média de cerca de 47.600 torcedores por partida. Não há relatos de problemas sérios de organização – as principais dificuldades, como o trânsito em Johannesburgo e as reclamações por causa do barulho incessante das vuvuzelas, já estavam dentro do script. É, realmente, um Mundial feito corretamente, ainda que a custos maiores do que se previa. A Fifa só admitiu um problema neste sábado, e ele não é de sua responsabilidade direta. Pela primeira vez, a entidade máxima do futebol mundial reconheceu que a bola Jabulani, criada pela alemã Adidas, é problemática. Valcke afirmou que a Fifa “não é surda” e não ignorou as queixas dos jogadores (principalmente goleiros). Mas, é claro, não existe chance alguma de trocar de bola no torneio: Valcke promete tratar do assunto, ouvindo técnicos, jogadores e a Adidas, só depois da Copa.

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